quinta-feira, 27 de setembro de 2007

MUTAÇÃO INTERIOR

OOOOO O propósito da autocrítica consiste em examinar tudo o que faço, independentemente da freqüência e magnitude dos meus gestos e obras. O que está feito fui eu que fiz. Sou responsável por minhas ações, que são o objeto de análise de mim mesmo.

OOOOOO pensar sem agir, o falar por falar, pouco importância tem como matéria-prima disponível para me conhecer como realmente sou, além das aparências. As palavras não constituem a realidade. Elas se prestam para figuração do real, principamente atavés da POESIA - a arte de dizer o insolito com beleza e originalidade.O pensamento me interessa sob o aspecto prático, quando ele conduz à ação.

OOOOOHá como que um abismo entre os meus atos pensados, refletidos, e o que em mim obedece a uma força instintiva, desconhecida, comum à espécie a que pertenço. Por megalomania ou orgulho, sustento que as acões que realizo são o produto acabado do meu gosto, da minha vontade, do meu "eu". Num estágio inicial jamais me defino como egoísta, mas basta uma pequena introspecção para vir à tona a negação do meu ideal altruísta - o meu egoísmo. Mais ao fundo, continuando com a introspecção, reconheço que sou apenas um veículo do egoísmo específico, um gene da vontade racial, filogenética. Conquanto o resultado do conhecimento tenha coincidido com a crença , de que não sou egoísta, a descoberta provoca uma mutação interior.

OOOOOA partir do momento em que me determino a desvendar esse abismo, a partir dos primeiros passos em sua direção, começo a conhecer a natureza que está na origem do que faço, consciente ou inconscientemente. Na alegoria platônica, o indivíduo precisava sair da Caverna, para perceber a realidade. Todavia, para perceber a si mesmo, a realidade mais tangível, ele deve entrar para o lado obscuro, incompreensível até então.

OOOOOO desafio que é conhecer a mim mesmo, exige, inicialmente, muita coragem. Ainda ignoro o poder deste conhecimento, as vantagens dele conseqüentes, entre as quais a liberdade. Os obstáculos surgem tão logo percebo a estrutura psíquica de autodivinização. O sutil vislumbramento da mesma traz o germe filosófico que destruirá toda a mitologia individualizada, internalizada. De repente, vejo-me cair das alturas, sabendo ser uma queda nescessária para a conquista da identidade própria, livre dos preconceitos morais e religiosos, livre da Grande Ilusão.

OOOOOÀ medida que avanço na compreensão de mim mesmo, o caos se transforma em ordem, a treva em claridade. Deixo de representar: Sou o que sou, sem a grandeza ilusória que julgava ter antes desta aventura autocognitiva. Hoje o que penso, o que falo (e escrevo), já não entra tanto em contradição com a realidade daquilo que faço, gestos e obras, e do que realmente sou.

OOOOOEis a minha evolução, o meu autoconhecimento, e é tudo o que me torna perfectível!
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(Esse é o meu texto que a D. Renita guarda consigo e que seu neto me mandou por e-mail.)

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