domingo, 19 de agosto de 2007

POR QUE NÃO DISCUTIR GOSTO, POLÍTICA E RELIGIÃO?

Além de ler jornais, assistir à F1 e ao futebol, assar uma carne, navegar, entre outras coisas, domingo é dia de pensar um tema para a próxima coluna do Expresso Ilustrado. A leitura de jornais e revistas me ajuda na escolha de um assunto. Não sei por que tive a idéia de escrever uma crítica ao preconceito que reza: não se discute gosto, política e religião. Pego a caneto e escrevo: Por que não discutiríamos gosto, política e religão? Muitas e muitas vezes, ouvi pessoas sérias concluírem seus diálogos com a evasiva do velho preconceito. De comum acordo, interrompem a controvérsia, antes de serem forçadas a reconhecer o equívoco de suas opiniões. Em 1993, ainda em Curitiba, escrevi o seguinte: Um dos preconceitos mais nefastos da ignorância defende que não se discute religião. Toda a popularidade de que desfruta esse preconceito até agora se deve à sagaz política dos "arrebanhadores de ovelhas" (expressão de Nietzsche)[...]. O povo não discute sua religião porque a dúvida deve ser suprimida [...]. O duvidar, o discutir, transposto para o âmbito individual, corresponde ao refletir, ao questionar íntimo e silencioso. Para os administradores de igrejas, muito mais embaraçoso do que não ter argumentos que justifiquem suas doutrinas autoritárias, é reconhecer a contradição das mesmas. Por motivo semelhante, não se discute política [...]. O perigo da discussão, penso, consiste na possibilidade de um cristão, por exemplo, deixar de sê-lo, de um democrata aceitar o socialismo [...]. Por isso não se discute. Os escravos eram mantidos trabalhando sob o açoite e guarda constantes nem tanto para produzirem mais, senão para inviabilizar o sonho de liberdade. A escravidão teve êxito, contando, inclusive, com o apoio da igreja católica, como grande arrebanhadora dessas "ovelhas desgarradas" - os negros vindo da África. [...] A Inquisição foi criada por essa instituição religiosa para impor castigo a todo aquele que ousasse questionar seus fundamentos "espirituais" e terrenos. Cientistas e filósofos, como Giordano Bruno, foram presos, torturados e mortos por ela, porque revelavam a verdade, e a verdade era contrária aos seus velhos preconceitos. O representante máximo dessa igreja, em visita ao continente africano, hoje pede perdão pelos equívocos que, em nome do deus cristão, foram cometidos no passado. Em desafio ao preconceito de que não se deve discutir religião, sou desobediente, nem tanto para auspiciar uma vitória diante do meu interlocutor, porém, pela verdade que possa iluminar ambas as partes do diálogo. A razão é o único instrumento do qual não abro mão para digladiar sobre assuntos que me são aprazíveis.

Um comentário:

Rebeca S. disse...

Bem, eu sou Cristã/Protestante. Estudo muito minhas doutrinas, e meus conceitos basicos. Nunca tive medo de discutir meus ideais, nem de pregar minhas idéias para outras pessoas. Realmente acho, que devemos "Discutir" todos os tipos de assuntos, mas sempre no limite - digo discutir no seu sentido debater idéias. Se realmente uma pessoa tem certeza de suas doutrinas, idéias, e concluções, jamais deveria temer dúvidas, perguntas ou até mesmo ofensas de outras pessoas. Pois a única coisa que temos de certeza na vida, é aquilo em que acreditamos ser certeza. (risadas...)

- Enfim, concordo contigo!

Beijos de tua Amiga.